DEPOIS VEIO A ADOLESCÊNCIA
O lugar onde vivo
é uma ilha
por ela tenho sentimentos de filha.
Filha malcriada
e às vezes insana,
quando quero ir pro Centro
e me percebo insulana.
Mas no retorno,
depois da ponte do Galeão,
respiro aliviada:
estou em casa.
Nasci aqui.
Na pracinha vi chegar Papai Noel
quando eu tinha cinco anos
(era um tempo sem desenganos).
Meu pai plantou dois paus-brasis
numa rua já muito enfeitada
por ipês.
Depois respondeu aos porquês
que insistente fiz:
Por ser português de pátria
e brasileiro de coração,
ele cultivou essas mudas
e até hoje as presenteia.
– um pedido de desculpas? –
Como meu pai,
a Ilha plantou em mim
muitas amendoeiras...
Por isso eu era assim:
livre de culpas
felicidade correndo na veia.
Mas cresci
e vi muros crescerem
grades se multiplicarem
ouvi muitos casos contarem...
Saudade da época
em que dormíamos no quintal da frente
muro baixo, manta sobre a grama rente
nas noites de imensurável calor.
O dia tinha horas a mais
eu as gastava admirando o mar
apoiada na beira do cais.
Bicicleteava pela Ilha inteira
em tempos de inocência...
Do Moneró até a Ribeira.
Depois... veio a adolescência...
Assim era a Ilha do Governador.
Muita coisa mudou,
mas devo à Ilha
o que hoje sou...
agosto 2011
Amigos! Preciso compartilhar com todos vocês a alegria de ter sido premiada em 1º lugar no I Concurso Temático de Poesia realizado na Casa de Cultura Elbe de Holanda, com o poema Depois veio a adolescência, na noite de ontem. Dediquei o prêmio ao meu pai, que hoje passou por um procedimento cirúrgico e colocou 4 pontes de safena; tudo correu bem até o momento, ele está no pós-operatório, no Hospital de Laranjeiras. Agradeço à minha amiga Rosiene e ao meu filho Pedro, que me acompanharam e torceram muito! E a todos os meus amigos e familiares, que sempre me incentivam muito!
Um beijo grande a todos!
Karla Soares Antunes,
em 10 09 2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário. Será um grande incentivo!