quarta-feira, 30 de março de 2011

Tuas ávidas mãos


                                                    

Tuas ávidas mãos

Tuas ávidas mãos
Como pássaros são
Sobrevoando
O meu corpo
(pouco corpo)
Há vida em tuas mãos

Tuas ávidas mãos
Como pássaros são
Imaginando
O meu pouco corpo
Oferecer grãos
À vida de tuas mãos

Tuas atrevidas mãos
Como pássaros são
Pousando
Sobre o meu corpo
(louco corpo)
Ávido por tuas mãos

Tuas ávidas mãos
Como pássaros são
Adivinhei-as dando
Sobre o meu corpo
O último sobrevoo
Antes da solidão...

Não há vida sem tuas mãos...


21-10-2004
Momento do passado, de extrema dor e solidão...

imagem pesquisada no google


Poema premiado e publicado na coletânea POESIA NA ESCOLA - 2004, da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, categoria Profissionais da Educação.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Paixão

                                                    
                                PAIXÃO
                    
                  A paixão
                     me morde a boca
                            expulsa
                            saliva à toa
                            espuma louca
                                             doce
                 tesão.
                            Escorre
                                         pouca
                                                    cai no
                 chão.
                 Emoção...
                                  ...
                                     ...
                                        ...
                                           ...
                                               arfh!
                                               o gozo pleno
                                               ponta de estrela
                 paixão.


imagem pesquisada no google

Acreditem! Escrevi esse poema há mais de 20 anos... A poesia não tem idade! Nem a paixão!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Taj Mahal



                 Taj Mahal

                            I

Antonio constrói com suas próprias mãos
o meu Taj Mahal.

Mãos simples
mãos fortes
mãos nervosas.


                              II

Meu corpo se prontifica:
é a matéria-prima...

Vozes contrárias o mandam embora.
Mas ele fica
e finca
a sólida torre em perfeita simetria.

A lágrima de outrora forma o grande lago
e se transforma no amor que agora trago.

(Nem o ácido sol de Agra o evapora!)

A alvura da pele – mármore latejante:
paredes do memorial eterno erguidas.

E a alta cúpula a todos lembra
que a eleita, dando à luz,
a fértil cópula traduz...

Obra concluída.

imagem pesquisada no google

Poema premiado e publicado na coletânea Poesia na Escola, pela Secretaria Municipal de Educação - Rio de Janeiro - em 2010.


sábado, 19 de março de 2011

Dia Internacional da Mulher

                  Dia Internacional da Mulher


               Porque sou mulher até quando não respiro
               ou transpiro
               se espirro
               se piro

               então, nesse dia não me sinto
               mais
               nem demais

               nem melhor
               nem pior
               mulher

               nem outra.

               E porque sou mulher,
               me dou o direito de sempre me sentir
               a rainha,
               a mãe,
               a amante,
               a fera
               ou a freira – em dias de segunda-feira.

               Em dias alternados
               sou a louca
               com nenhuma ou pouca
               roupa

               às vezes meio rouca
               e cantando de touca
               no meu apertado box
               ou no meu longe sonho de Fox.

               Claro que não vou mandar esse texto
               coisa de quinto sentido, não tenho sexto:

               foi brincadeira
               uma bobeira do meu lado sem eira nem beira
               e  me conhecer nem queira!

06-03-2011
Criei esse texto motivada pela Martha Medeiros, na verdade pela vontade de conhecê-la pessoalmente, possibilidade acenada por uma promoção do Clube do Assinante do jornal O Globo, na qual a assinante deveria escrever um texto sobre o que o dia internacional da mulher representava; embora para mim esse dia nada representa, criei um texto e... o enviei! Resultado: nenhum, não fui uma das trinta contempladas. Ficou só o poema, que agora compartilho (sem atraso, pois o dia da mulher é todo dia!). Klara Rakal

imagem pesquisada no google



quarta-feira, 16 de março de 2011

Catapora


                                       Amor
                                é que nem catapora:
                                enche o corpo
                                deixa a marca
                                e vai embora.

                                                    imagem "colhida" no google

sábado, 12 de março de 2011

Tímida

 TÍMIDA

Descobri que sou tímida
Tenho medo de falar pros outros
O que falo pro papel: converso
Com as letras, faço verso
E rimo minha confusão.

Minha voz já se tornou tinta
Escorregadia, da caneta que me guia.

Assim eu me abro,
Começo e não paro,
Feito cachoeira
Feito lágrima de perda
Feito batida de coração.

Tenho um talento adormecido,
Porém latente
E enfurecido
Dentro de mim.

Esse talento é tão somente
Necessidade: desabafar com alguém,
– Ninguém...
Desabafo pra mim,
E minha poesia sai assim...

Quem me vê não alcança minh’alma
Quem me lê se engana:

Eu sou tão profundamente
Que, quando minha luz se apagar,
Já será dia.

Poema premiado e publicado na coletânea POESIA NA ESCOLA - 2001, da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, categoria Profissionais da Educação.